Spiritist Society Towards the Light

Compreender Impermanência traz

paz à nossa vida cotidiana

por Thich Nhat Hanh

7 de Outubro de 2016

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O Buda ensinou que tudo é impermanente - flores, mesas, montanhas, regimes políticos, órgãos, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência. Não podemos encontrar qualquer coisa que é permanente.

Flores se decompoem, mas mesmo sabendo disso, isso não nos impede de amar as flores. Na verdade, somos capazes de amá-las mais porque sabemos como valorizar-las enquanto elas ainda estão vivas. Se aprendermos a olhar para uma flor de uma forma que a impermanência nos é revelada, quando a flor morrer, não vamos sofrer. Impermanência é mais do que uma idéia. É uma prática para nos ajudar a tocar a realidade.

Quando estudamos a impermanência, nós temos que perguntar: "Existe alguma coisa nesse ensinamento que tem a ver com a minha vida diária, minhas dificuldades diárias, o meu sofrimento?" Se vemos a impermanência como meramente uma filosofia, não é o ensinamento do Buda. Cada vez que olhamos ou ouvir, o objeto de nossa percepção pode nos revelar a natureza da impermanência. Temos que alimentar a nossa visão sobre a impermanência todo o dia.

Quando olhamos profundamente a impermanência, vemos que as coisas mudam, porque as causas e as condições mudam. Quando olhamos profundamente no não-eu, vemos que a existência de todas as coisas só sao possíveis por causa da existência de todo o resto. Vemos que todo o resto é a causa e condição para sua existência. Vemos que todo o resto está na mesma.

Do ponto de vista do tempo, dizemos "impermanência", e do ponto de vista do espaço, dizemos "não-eu". As coisas não podem permanecer-se por dois momentos consecutivos, portanto, não há nada que pode ser chamado de um "eu" permanente. Antes de entrar neste local, você era diferente fisicamente e mentalmente. Olhando profundamente na impermanência, você vê o não-eu. Olhando profundamente para não-eu, você vê a impermanência. Podemos dizer, "eu posso aceitar a impermanência, mas não-eu é muito difícil". Eles são os mesmos.

Compreender a impermanência pode nos dar confiança, paz e alegria.

Impermanência não necessariamente levam-nos a sofrer. Sem a impermanência, a vida não poderia ser. Sem a impermanência, sua filha não poderia se transformar em uma bela jovem. Sem a impermanência, os regimes políticos opressivos nunca iria mudar. Pensamos impermanência nos faz sofrer. O Buda deu o exemplo de um cão que foi atingido por uma pedra e ficou irritado com a pedra. Não é a impermanência que nos faz sofrer. O que nos faz sofrer é querer que as coisas sejam permanentes quando elas não são.

Precisamos aprender a apreciar o valor da impermanência. Se estamos em boa saúde e estão conscientes da impermanência, vamos cuidar bem de nós mesmos. Quando sabemos que a pessoa que amamos é impermanente, vamos valorizar o nosso amado ainda mais. Impermanência nos ensina a respeitar e valorizar cada momento e todas as coisas preciosas ao nosso redor e dentro de nós. Quando praticamos a atenção plena na impermanência, tornamo-nos mais puro e mais amoroso.
 

Podemos praticar a respiração consciente para nos ajudar a estar em contato com as coisas e olhar profundamente para a sua natureza impermanente. Esta prática vai nos impedir de reclamar que tudo é impermanente e, portanto, não vale a pena viver. Impermanência é o que faz a transformação possível. Devemos aprender a dizer: "impermanência Viva". Graças a impermanência, podemos mudar sofrimentos em alegria.